terça-feira, 23 de abril de 2013

Devocional - Do ponto de vista do Centurião


Do ponto de vista do Centurião...

Acordo... Começo a me aprontar para mais um dia de trabalho...
Sinto saudades dos meus, saudades de Roma... Saudades da minha pátria. Muito tempo longe de casa, em uma terra que não me pertence.
Começo a gostar daqui. Em Roma, tudo é glamour, tudo é festa. Em Jerusalém, o povo é mais sério, mais religioso. Gosto daqui, é mais tranquilo.
Mas trabalho é trabalho, vamos lá.

Hoje o dia parece diferente... Sinto uma tristeza no ar. A espada incomoda. A farda pesa. O elmo parece pequeno... Me disseram ontem, que hoje vamos prender um homem, mas não sei quem é.
Despeço dos meus. Beijo na mulher, beijo nos filhos que ainda dormem. Cem soldados do meu batalhão me esperam.Obedientes... Se digo vai, eles vão. Se digo vem, eles o fazem também. Gosto do meu trabalho.
Mas.. O que será que esse dia me reserva? Tenho um mau pressentimento.
Porque toda aquela movimentação ontem? Disseram que um seguidor do homem que vamos prender esteve por lá. Negociou uma traição e aceitou dinheiro para isso. O que será que ele fez de mal? Deve ser algo de grave, porque disseram que ele não é um preso qualquer.
Converso com um colega, que mora em uma cidade próxima, Cafarnaum. Ele me diz, que há tempos atrás, esse homem curou o seu criado com apenas uma palavra. Falou algo sobre a fé do meu amigo... Disse que a fé dele é maior do que a dos demais. Como pode ele ser mau, tendo esse dom de curar?

Recebemos a ordem de sair para prendê-lo.
Senti asco, ao saber que o seu seguidor indicará quem ele é com um beijo... Como assim??? Se dizia amigo, e vai traí=lo com um beijo? Ele é quem deveria ser preso! Mas infelizmente eu obedeço ordens...
Disseram que ele deve ser condenado a morte, mas até agora eu não vi motivos para isso. 
Chegou a hora... O beijo foi dado, vi quem Ele é. Mas Ele tem um rosto diferente... Não vejo maldade.
Já prendi muitos bandidos, conheço um de longe. Lembro-me de um que prendi. Barrabás, o nome dele. Assassino. Esse sim, causava medo. Mereceu a prisão. 

Levamos o homem preso... Foram momentos de muita tensão. Outro de seus seguidores, reagiu e sacou uma espada. Quase matou o Malco, que estava por lá. Cortou-lhe a orelha.Esse sim, era amigo. Mas, para minha surpresa, o preso pegou a orelha no chão e a colocou de volta no lugar!!!Alguns colegas, zombam dEle. Bateram, como fazem com os outros prisioneiros. É o nosso único momento de diversão aqui. Ele se dizia rei dos judeus, e também Filho de Deus. Olhando para Ele agora, não parece nem Rei e nem Deus... Batiam, cuspiam. Sem entender, eu não conseguia participar daquilo...

Ele foi condenado à morte. Outra coisa me deixa indignado... Libertaram Barrabás, o assassino. À tarde, vamos crucificar esse homem.

Ele mesmo carrega a sua cruz, como é de costume. Castigado e envergonhado publicamente. Já sem forças, Ele cai ao chão. Um dos curiosos que acompanha a sua subida, se manifesta, e eu ordeno que ele o ajude a carregar a sua cruz. Chegando ao local, não tenho coragem e colocar os cravos em suas mãos e pés. Sei que isso se faz com bandidos condenados a morte, mas Ele não me parece isso... Não consigo.

A cruz é erguida... Seu sangue escorre. Parece que eu vou morrendo junto... Sinto uma vontade enorme de estar ali, no seu lugar. Estranho... Não é que Ele realmente me parece um Rei?
Mais dois ladrões morriam com Ele. Um destes, zomba... Escarnece. O Outro, implora por perdão... E com muita compaixão, Ele promete estar junto com o arrependido no seu Reino...

Ele pede água... Se corpo está sucumbindo. Ofereço-Lhe vinagre. Talvez o torpor ácido do vinho amenize um pouco a sua dor. Improviso uma esponja na ponta da minha lança, e Ele sorve...

Algo estranho acontece neste momento. Ele olha para o céu e diz: "PAI, ESTÁ CONSUMADO!" O sol se apaga. Fica tudo escuro. Um terremoto terrível abala a terra. Me lanço ao chão e pela sombra do seu corpo, vejo que Ele está imóvel... Seu sangue já não escorre mais. Ele está morto.

Eu sabia que este dia não seria como outro qualquer... Saí para prender um bandido, e tive um encontro com um Rei.
Nesse dia, a minha vida foi mudada.
Agora, aqui, aos pés da cruz, reconheço... Este verdadeiramente é o Filho de Deus!

Nenhum comentário:

Postar um comentário